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ARARY SOUTO retorna à direção do Jornal do Paraná, de Ponta Grossa. Texto de boas-vindas escrito por Adalberto Carvalho de Araújo, na edição de 1º.11.1951, e agradecimento de Arary Souto na edição de 2.11.1951.

21 de outubro de 2011

Francisco Souto Neto – VELHOS JORNAIS, ANTIGOS RECORTES (Décadas de 40 a 90 do Século XX)

RETORNA  À  DIREÇÃO DO “JORNAL DO PARANÁ” ARARY SOUTO – Por Adalberto C. de Araújo (1º.11.1951)

1Primeira página da edição de 1º.11.1951 do JORNAL DO PARANÁ (Ponta Grossa)

  

Detalhe da primeira página, onde Adalberto Carvalho de Araújo dá as boas-vindas a Arary Souto.

Em consequência do nosso Diretor de Redação, sr. Adalberto Carvalho de Araújo Júnior, ter preferido dedicar-se exclusivamente à sua profissão de Engenharia Química Industrial, junto à renomada organização Cerâmica Aymoré S.A., da qual é Diretor Técnico, foi convidado para substitui-lo o nosso estimado ex-Diretor, sr. Arary Souto que, nesta data, assume as suas elevadas funções de Diretor de Redação deste matutino.

Arary Souto, em realidade, nunca se afastara da lembrança e saudade de todos, particularmente dos que labutam nesta árdua tenda de trabalho, dados os seus elevados dotes de caráter e lhaneza de trato, predicados estes herdados duma das mais tradicionais famílias brasileiras (Salles Souto e Salles Oliveira). Filho do saudoso engenheiro geólogo Dr. Francisco Souto Júnior e neto do destacado comissário de café, na praça de Santos, sr. Francisco José Alves de Salles Souto, também de saudosa memória, é, igualmente, bisneto do grande banqueiro Visconde de Souto, do Rio de Janeiro, um dos grandes braços fortes do inesquecível Imperador do Brasil D. Pedro II, a quem muito auxiliara, financeiramente, para que a Nação pudesse sustentar, com galhardia, a guerra contra o Paraguai, em razão do que, aquele grande morto deixou o seu nome ligado, também, no monumento nacional da nossa querida pátria.

Arary Souto, embora escondido por detrás duma cativante modéstia, não é um desconhecido nos nossos altos meios econômicos, culturais e sociais: tem ele desempenhado, com visão, diversos cargos de relevo na vida nacional, entre os quais destacamos os seguintes: no Estado de Mato Grosso administrou as grandes organizações da Cia. de Viação São Paulo-Mato Grosso e Cia. Comercial Alto Paraná, companhias essas que possuíam grandes propriedades, onde exploravam a pecuária, a herva-mate e, também, importante navegação fluvial, além de enormes armazéns de abastecimentos.

Exerceu, também, o cargo de tesoureiro e, posteriormente, de Prefeito Municipal da importante cidade de Presidente Venceslau, no Estado de São Paulo. Foi igualmente designado, pelo então interventor paulista sr. Dr. Fernando Costa, de saudosa memória, para chefiar a requisição de gado para corte naquela importante região e, em consequência dos reais serviços prestados ao Estado Bandeirante, foi escolhido para secretariar a Comissão de Preços, bem como, encarregado geral do racionamento no período da grande guerra. Ainda, na mesma ocasião, foi designado para o importante cargo de controle e amparo à sericicultura.

Como intelectual, foi, na sua mocidade, colaborador do Correio Paulistano e, dessa data em diante, colaborador, também, de diversos jornais paulistas, quando transferindo-se para Ponta Grossa, ocupou, com grande proficiência, o cargo de nosso Diretor de Redação, onde novamente, hoje, temos a satisfação de registrar o seu reingresso, bem como, na Gerência da Companhia Impressora do Paraná.

Aqui, em nosso meio, Arary Souto desfruta, igualmente, de largo prestígio social e intelectual.

É membro do Centro Cultural “Euclides da Cunha” desta cidade; do Grupo Panamericanista de Intelectuales, de Montevidéu, da Sociedade de Cultura Americana, de Buenos Aires, e da Ordem de Constantino, de Londres.

Por nomeação do Delegado Geral para o Paraná, da Associação Internacional de Imprensa, o Barão de Avatar, Elias Domit, grande colaborador do “JORNAL DO PARANÁ”, desempenhou cargo de Delegado Municipal daquela Associação, passando, posteriormente, para o cargo de seu Secretário Geral para o Estado do Paraná.

  Ferindo a modéstia de Arary Souto, tomamos a liberdade de tecer estes ligeiros comentários em torno da sua pessoa para salientarmos o porque da grande satisfação que causa o seu reingresso na Direção do nosso jornal, que, sem dúvida nenhuma, está de parabéns por poder contar com mais um dos grandes valores morais da atual geração brasileira.

Felicitamos Arary Souto e fazemos sinceros votos para que a sua permanência seja duradoura e, com sempre, de profícuos serviços à causa pública do Brasil, através das colunas independentes e honestas deste matutino que, desde a sua fundação tem em mira, única e exclusivamente, a prestação de reais serviços à nossa coletividade e à nossa terra.

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            OBSERVAÇÃO DE FRANCISCO SOUTO NETO EM 21.10.2011:

Uma grande coincidência: minha querida amiga Adalice Araújo, a crítica de arte, é filha de Adalberto Carvalho de Araújo, autor do texto acima, que era amigo do meu pai e seu colega de diretoria no JORNAL DO PARANÁ. Quando recebi a visita de Adalice Araújo (na companhia de outra querida amiga, a artista plástica Heliana Grudzien),  folheamos algumas das encadernações do jornal onde nossos pais trabalharam juntos, conforme se vê na seguinte reportagem:

http://viagenseopinioes.blogspot.com/search?q=Adalice+Ara%C3%BAjo

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RETRIBUINDO – Por Arary Souto em 2.11.1951.

Primeira página da edição de 2.11.1951 do JORNAL DO PARANÁ, com os agradecimentos pelas boas-vindas formuladas, na edição anterior, por Adalberto Carvalho de Araújo.

        

Detalhe, na primeira página, com os agradecimentos de Arary Souto.

Quando aportei a Ponta Grossa, faz cinco anos, não o fiz com a intenção de aqui permanecer tanto tempo. Entretanto, nos primeiros anos da minha estada nesta magnífica Princesa dos Campos, comecei a compreender o quanto de bom ela agasalhava no seu seio: um povo sumamente hospitaleiro e amigo. Daí a razão pela qual me propus permanecer aqui por tempo indeterminado. Tive a ventura de reunir um grupo de amigos sinceros, despretensiosos, companheiros que tudo fizeram pelo meu bem estar, cercando-me de atenções e de consideração irrestrita, sensibilizando-me de tal forma que seria penoso abandoná-los, justamente na ocasião em que os meus humildes préstimos poderiam ser aproveitados para o bem desta grande terra. Hoje, voltado às lides jornalísticas, faço-o com satisfação incontida porque, assim, por meio das páginas sinceras do “JORNAL DO PARANÁ”, poderei estar em contato diário com esses amigos, com esta terra hospitaleira e com seu virtuoso povo. É a minha pequena retribuição pela enormidade de atenções de que tenho sido alvo.

Li com atenção, a referência feita ontem, neste estupendo jornal, pelo dedicado amigo, sr. Adalberto Carvalho de Araújo, à minha modesta pessoa. Esse grande amigo, homem feito pela própria têmpera, batalhador incansável, tem sido de uma lealdade franca, hábito que muito o enaltece, de uma honestidade reconhecida e, acima de tudo, de um espírito de justiça incomum. Por essa razão é que manifesto, de público, a minha grande satisfação de retornar ao “JORNAL DO PARANÁ” e à Cia. Impressora do Paraná, porque a guarida que aqui encontro é sincera e reconfortadora, e é por isso que não pouparei esforços ou sacrifícios para conseguir, junto aos meus atenciosos colegas de serviço, que este matutino continue a trilhar, como sempre o fez, o caminho da verdade e do amparo à laboriosa população princesina.

Os meus melhores e mais sinceros agradecimentos ao distinto amigo, sr. Adalberto Carvalho de Araújo, pelos encômios insertos na edição de ontem, deste jornal, quando do meu retorno a este prestigioso órgão da imprensa paranaense, e a minha promessa, retribuindo, de tudo fazer pelo seu engrandecimento, de estar sempre à disposição dos meus prezados amigos e da altaneira população da Princesa dos Campos, procurando elevar no conceito nacional, dentro dos meus parcos conhecimentos, ao píncaro da divulgação, este sagrado patrimônio que também é meu: Ponta Grossa e seu povo.

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